sexta-feira, 24 de julho de 2009

O alvo

Ela estava lá, sentada. Começei a repará-la. Ela tinha olhos fixos, como se mirasse em algum alvo. Mas ela estava imponente, o vento batia em seu rosto e balançava-lhe fios brancos de tão brilhantes e iluminados pelo Sol que fazia também seus olhos virarem duas valiosas pedras redondas. As vezes piscava, o Sol estava realmente forte. Mas estavam fixos.

Então, repentinamente, ela se levanta e começa a correr... como se não pudesse mais parar, como se algo agisse sobre ela. Percebi seus músculos se contraindo, seus olhos continuamente vidrados, o movimento de seu pequeno, mas forte corpo. Ela corre à procura do seu alvo invisível, encontra obstáculos, sim, mas desvia facilmente, como se já soubesse como enfrentá-los, como se fossem dificuldades já vividas, comuns. Eu nunca vira algo tão parecido. A força, a vontade com que fazia tudo aquilo, a esperança de encontrar um alvo que talvez inexista, mas que pode aparecer. Ela corria com toda a sua garra, sem pensar nos outros ou em si mesmo. Ela só visava o alvo.

E assim, depois de muito correr, ela pára. Sua respiração está ofegante, mas seu brilho continua o mesmo, o Sol a faz importante, como se ele precisasse dela para brilhar. Ela deita calma e graciosamente, como quem já acertara seu alvo, e que agora, vitoriosa, pode descançar. E seus olhos agora estão brilhantes, fortes, mas com uma calma, doces e singelos. Ela volta o seu olhar para o oceano que há, sei que há, dentro de si.

E eu me voltei à vida.

Nenhum comentário: