sexta-feira, 29 de maio de 2009

O olhar da senhora

Há dias, estava eu indo ao cursinho, quando o ônibus parou num daqueles tubos, tudo muito normal, pura rotina.
Atrás do tubo tinha um prédio, antigo, embolorado pela chuva e pelo tempo, não se sabe se ele era marrom pela tinta ou pela sujeira. Janelas antigas, cinzas, gradeadas. Ele divia ter uns três ou quatro andares.
Tudo estaria muito normal se eu não tivesse avistado num apartamento uma senhora, devia ter seus oitenta anos ou mais... Ou menos, se a vida não lhe foi favorável. Só sei que ela estava lá na janela, com uma blusa de lã azul também muito antiga, num quarto cujo armário era de madeira, antiquado. Ela estava lá, olhando fixamente para a rua e para as pessoas que se movimentavam sem pensar ou simplesmente sem perceber o olhar da triste senhora.
Depois de um certo tempo, voltou-se para seus braços, para suas mãos, como se estivesse olhando para dentro de si mesma. Devia estar pensando em tudo o que viveu, que viu, e aquilo que infelizmente deixou de fazer ou de ver. Observou detalhadamente sua mão, e logo voltou a olhar a rua movimentada da frente da sua casa. E o biarticulado saiu, e eu voltei para a minha rotina.
Triste senhora aquela, que provavelmente envelheceu naquele prédiozinho, o qual não se sabe até quando durará sustentado pelas antigas paredes, ou será destruído para a vinda de outro prédio, mais novo e imponente, mas que cuja história não será diferente.
Olho para aquele lugar quase todos os dias. O prédio continua ali, firme, mas velho. A senhora, bom, sua janela agora se encontra fechada.



"Não posso mover meus passos
por esse atroz labirinto
de esquecimento e cegueira
em que amores e ódios vão:
_ pois sinto bater os sinos,
percebo o roçar das rezas,
vejo o arrepio da morte,
à voz da condenação.
(...)
ó grandes muros sem eco,
presídios de sal e treva
onde os homens padeceram
sua vasta solidão..." - Cecília Meireles.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Medo e Poder

Eu assisti no jornal agora à noite uma reportagem sobre a ação da Coréia do Norte em lançar míssies nucleares, agora na direção do Japão, e isso me fez pensar na história mundial e, de forma mais restrita, nas relações de poder entre as pessoas.
Ao agir dessa maneira, a Coréia comunista impõe medo às outras nações, principalmente à Coréia do Sul. Os EUA tenta impor medo na Coréia do Norte, dizendo que "se eles não pararem com os testes eles vão pagar". Os militares norte-coreanos e os integrantes do partido comunista tentam intimidar os estadunidenses, festejando o sucesso da operação... E ainda acusa os EUA de estar preparando um ataque, e afirmam que estão prontos para a batalha. Ou seja: pode vir quente que eu estou fervendo.

O que não faz o poder: os Estados Unidos, potência mundial, se sente intimidado pela "falsa-coisinha" que é a Coréia do Norte: por mais que ela seja menor, comunista, ela faz parte das 5 maiores potências bélicas mundiais. A imposição do medo está diretamente ligado com o poder.
E é exatamente assim nas relações pessoais! os operários, com medo de perderem o mísero de salário que recebem, ficam subordinados aos mandos e desmandos dos patrões; uma esposa que é violentada pelo marido tem medo de ir à polícia denunciá-lo, e ele se apodera dela como se ela fosse um mero objeto; uma criança, com medo inocente de achar que os pais vão brigar com elas, continua sendo explorada por pessoas imorais, inescrupulosas. Ora, essa relação existe até entre nós humanos, seres racionais, e animais! Ou você realmente acha que o seu cachorro te acha o chefe da matilha, e por isso ele te venera? Eu não duvido do amor da minha cadela, mas ela obedece muito mais a minha mãe, que tem coragem de dar uns tapas nela, que eu!!

E quem vai mudar isso??? E isso um dia vai mudar??? A história da civilização foi feita pelos vencedores, ninguém quis saber a versão de Napoleão Bonaparte quando perdeu na Batalha de Waterloo, o que importa é que os Ingleses ganharam, e pronto!

Quem será o proxímo vencedor que mudará a história dos vencedores?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Saudade

Um sentimento tão forte e tão indecifrável!
O que é saudade? Falar é fácil: eu sinto saudades dos meus pais, dos meus amigos, da minha cachorra. Mas... O que se sente quando temos saudade de alguém? Amor? Tristeza? Felicidade? Dor?
A falta de alguém preciosa não é baseada só na falta física dela, na falta existencial dela. A saudade provém de uma série de "faltas" correlacionadas com uma determinada pessoa. Sinto saudade, por exemplo, das caminhadas com a minha mãe, ou das vezes que 5 ou 6 horas da madrugada ela levantava pra ir me buscar em alguma festa e não reclamava. Sinto falta de conversar um pouco com o meu pai, de jogar Free Cell com ele no computador, enquanto eu esperava calmamente para poder entrar na internet. Sinto falta das festas feitas com os meus melhores amigos, das cantorias de uma noite inteira dentro de um ônibus indo pra São Paulo, das conversas filosóficas e ideologicas (e claro, das que falavam sobre amores, principalmente platônicos) com as minhas duas melhores amigas. Sinto falta das brincadeiras com a Lessie, das noites que eu brigava com a minha mãe, e daí eu minha cadela íamos deitar sob o céu estrelado, ela sempre do meu lado, sem (obviamente) falar nada.
A saudade é tão complexa quanto a vida: porque, se sentimos saudades, sentimos falta de certas vidas. Sinta saudades! Verá que é um sentimento tão bom! Isso significa que você tem mais que consideração por alguém, você tem amor (e todos os seus anexos) por ela!

"Mas não faz mal, depois que a chuva cair outro jardim um dia há de reflorir!"

domingo, 24 de maio de 2009

Nada como um dia após o outro

Ontem à noite, fui fazer umas torradas para jantar assistindo jornal, tomei banho, ouvi uma boa música. Estava sozinha, minha irmã foi ver meus pais. E me senti muito sozinha, como se só existisse eu no mundo, e mais ninguém. Alguns vieram falar comigo no msn, mas eu, na minha solidão, me proibi de falar com eles. Não me perguntem o porquê. Hoje de manhã essa sensação não havia passado, me senti estranha.
Fui à missa. Sim, eu sou católica apostólica romana, e praticante. Não sei o que aconteceu comigo na missa, a homilia do Pe. foi espetacular, ele disse tudo o que eu precisava ouvir: Confie Nele, para de se preocupar consigo mesmo, porque, se voce confia realmente em Deus, ELE vai fazer seu caminho, deixa por conta dele, que ele sabe o que está fazendo. Me revigorei.

É impressionante a dinâmica da vida, nós nunca saberemos o que vai acontecer conosco no amanhã. Quem diria que hoje eu choraria de felicidade? Quem diria que hoje eu iria no parque Barigui caminhar um pouco, ouvir música, sentar ao sol, ver aquele verde, aquela água cristalina onde o Sol refletia e iluminava meu rosto, e sentir a brisa leve, fresca e limpa entrando em meus pulmões, uma paz interior... E eu me refazendo de mim mesma.

Pois não há nada como um dia após o outro.

sábado, 23 de maio de 2009

Pois muito bem,

Cá estou eu a fazer o meu primeiro post no meu novo blog.
Novo sim, já tive blog, fotologs, flogs, tudo que uma menina teve de direito. Mas, como tudo passa, todos esses blogs rosinhas, fofinhos, com fotinhas, fã clube de personagens, atores, diarios de uma adolescente em crise (ou não), bom, eles foram deixados para trás.
Passei muito tempo sem escrever mais nada, faltava-me (e ainda me falta) tempo e empolgação para criar mais um novo endereço e começar tudo denovo. Senti vontade sim, mas achava que era "fogo de palha" e faria com esses novos a mesma coisa que fiz com os outros: parar num último post, sem continuação, sem aviso.

Mas, ano passado, ao participar de um concurso de poesias na minha cidade, senti toda essa vontade de escrever, seja lá o que for, voltar. Vim para Curitiba esse ano fazer cursinho, e a correria da vida só aumentou. Aqui me descobri muito tagarela. Na minha antiga cidade eu tinha a minha mãe pra falar até não poder mais, e, quando ela não podia mais, eu ia falar para os ouvidos sempre atentos da minha cachorra, Lessie. Ela ficou lá também, não tenho tempo nem de almoçar direito, quem diria de dar banho nela, ou levá-la para passear.
Minha irmã mora aqui também, mas ela tem menos tempo pra conversas que eu. Enfim, sob a influência de um amigo, e a minha vontade louca de escrever, resolvi criar um novo blog.

Diferentemente dos outros, esse pretende ser duradouro, e nada de muito irrelevante. Escreverei quando sentir vontade, e, como se só ela não bastasse, tempo. Falarei das minhas ideologias, de crônicas, de coisas que eu ouvi, que eu vi, que eu vivi. Ou seja, virei falar da minha visão de mundo, do mundo, do meu mundo.