domingo, 14 de junho de 2009

Os vivos e os vivos.

F5. Essa é minha resposta ao "delete", de Lya Luft.
Depois de dois finais de semana, voltei à minha rotina de domingo: comprar um livro, sentar numa poltrona da Megastore e ler Veja. E nela, há sempre um texto que eu nunca deixo de ler: o da Lya luft. A escritora é célebre, os seus textos são ótimos. Para mim, o melhor dos poucos que eu li dela, foi o dessa semana.
Lya escreveu "Os vivos e os mortos", dizendo que morrer não é um simples "delete", e que cada pessoa tem o seu tempo para se acostumar com a ideia de morte.
Isso me fez pensar.

Assim como ela, creio que tive que me dar com o medo da morte cedo: aos 8 anos de idade meu pai teve um derrame. Mas não um AVC comum, ele tem um buraco no ventrículo direito, onde o sangue coagulou por anos, se soltou e foi para o cérebro. Não tenho muitas lembranças dessa época... só flashes, muito se apagou. Outro dia minha mãe me contou que, com o meu pai ainda na UTI, ela estava saindo da casa da minha tia, onde estávamos, para ir à Igreja. Eu sai atrás dela e disse "Já perdi meu pai, e agora eu vou perder você?". Isso pra mim foi um choque, que atitude foi essa a minha? Não me via assim quando criança. Ainda bem que não lembro muito.
Mas enfim, graças a Deus meu pai não morreu, não sei o que seria de mim hoje sem ele. Mas tive medo.
Depois, só agora à 2 anos, minha vó (e madrinha), morreu. Chorei, sim. Rezei, sim. Mas a tristeza logo passou. Não porque eu não amava ela, mas porque tive a certeza de que ela sempre me amou.

É engraçada a relação entre a vida e a morte. Quando agente sente a falta de alguém que já morreu é porque nós realmente gostávamos dela. Independentemente de ela estar presente físicamente, ela estará conosco nos nossos sentimentos, nas nossas lembraças. Agora, mais interessante é a relação dos vivos com os vivos. Já pensou em quantas pessoas que já conhecera na vida, mas que você nem liga de ter perdido contatos com ela? Talvez nem se lembre de todos! Porque, se você lembrar, é porque de alguma forma, ela marcou sua vida.
Atualize, renove, refaça. Não esqueça do que veio antes, mas aceite o que está por vir. Relembre sempre aqueles que foram, mas não se esqueça daqueles que fazem parte de você neste momento, estando eles distantes ou realmente muito próximo de você.

Porque "O passado é história, o futuro é mistério, o agora é uma dádiva e por isso se chama presente."

Um comentário:

Unknown disse...

Gostei muito do seu devaneio... eu tbm penso assim. Concordo contigo que temos dificuldades de aceitar as coisas e principalmente o presente! Talvez porque aceitá-lo, como no meu caso, seria gostar das surpresas que nem sempre são agradáveis, como um pai de uma hora para outra adoecer sem nossa permissão. Nao aceitar, singifica, nada, pois não temos poderes para isso. O que nos resta, então?! Ter medo. Abcs. Parabéns. Nem te conheço mas gostei muito das suas palavras. Estava procurando dados sobre um trabalho cujo tema é a morte.