sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Anel de família

_ Fica com ele, filha, é herança do seu avô, era a aliança dele.

Foi isso que a minha mãe disse pra mim. Eu fiquei muito, muito honrada.
Eu nunca conheci os meus avôs, só as avós. Os dois já tinham morrido quando eu nasci. E eu senti falta de um avô, das palavras sabias que eles poderiam me dar, das brincadeiras que poderíamos fazer, dos sorvetes que ele pagaria pra mim.

O anel que eu recebi era do meu avô por parte de pai, seu Nelson. Eu tenho certeza de que ele seria o melhor avô do mundo pra mim. Não é desprezo pelo outro, é só que eu, psicologicamente, me pareço muito com a família Menon. Quando ele morreu, meu pai ficou com a aliança, e mandou fazer um solitário para a minha mãe.
Parecia que ele sabia que um dia esse anel seria meu. Eu sou apaixonada por solitários, e o primeiro que eu vi foi esse. O ouro amarelo em contraste com a pedra branca e reluzente, que brilha sozinha, mas imperante. Receber esse anel foi uma honra.
Mas o meu apego com esse anel não é só material. Esse anel marcou o início de uma família, da família Menon. Ele é história. Saber que aquele anel já existe a mais tempo que eu me atordoa. Quantas experiências ele "viveu" com o meu avô e com a minha mãe? Quantas lembranças?

Esse anel marcou momentos importantes na vida de cada um. A partir de agora, ele irá marcar a minha vida. Misteriosa e solitáriamente, como um raio de luz que refrata no seu brilhante, sim, ele marcará.

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