terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mais que palavras.

Ela sempre fora uma sonhadora. Quando criança, sonhava que era uma princesa daqueles contos de fada que lia, ou assistia nos desenhos. Sonhava que fazia parte da Liga da Justiça e era amiga da Mulher Maravilha. Sonhava que, quando fosse adolescente, sua vida seria como nos filme da Lindsay Lohan.

Claro que nada fora maravilhas. Aliás, se o país das maravilhas fosse como aquele da Alice, ela não gostaria de morar lá, tudo era muito louco, sem conexão. Daquele lugar, o único que se salvava era o Cheschire. Ela sempre fora cheia de regras, mas nunca cética. Pelo contrário, ela continuava acreditando e imaginando outros e novos mundos, nos quais ela se via. Isso sempre a encheu de inspiração.

Mais velha, na adolescência, se imaginava popular, linda, descolada. Era linda aos olhos dos pais, não era popular nem descolada - o que não significa que fosse feia. É que os "padrões da época" não eram vistos nela. Mas ela raramente se importava com isso, só continuava imaginando. Com o tempo as pessoas gostando dela, ganhou bons e eternos amigos, ficou bem mais bonita e descolada.

Gostava do rock, e por isso se imaginava cantora de uma banda. Até tentou participar de um concurso, mas não venceu, perdera por uma menina que cantava ópera em italiano, se revoltou. Mas continuava nos corais, da igreja e do colégio, e sempre era uma das principais. Queria aprender a tocar guitarra, mas os pais não podiam naquele momento.
Então, resolveu tentar ser compositora. Escreveu uma música, mas não ficou bom. Tinha desistido da poesia.

Aliás, nunca fora de ler poesias, muito menos livros. Achava-os grande demais, cansativos demais. Ela gostava das crônicas, dos contos. O primeiro conto lido fora A Cartomante, do Machado. A mãe brigava, dizia que ela tinha que ler pra ir bem em português, mas esse nunca fora um argumento muito forte, a menina sempre fora ótima em português sem precisar ler aqueles livros enormes.

Quanto aos amores.... Bem, seu primeiro amor foi aos quinze, deixou de amá-lo em uma semana. Sonhava com um amor de filme romântico, da revista que assinava, dos clipes de músicas. sonha com as idas a sorveteria, ao cinema, às festas com Ele. Ela também o imaginava.

De imaginações em imaginações, num trabalho de português, descobriu sua arte: ironia do destino, ela escrevia bem. Fizera uma poesia, a professora fez questão de ler para a sala, a garota ficou envergonhada, mas feliz. Muito feliz, escrever era algo que a admirava. Continuava lendo só os livros que lhe eram exigidos. Mas escrevia.

Com o tempo, a garota confirmou seu gosto por crônicas, gosta muito dos romances realistas. Não gosta dos romances românticos, são muito melosos, pedantes. Mas continou romântica, imaginando Ele. Aliás, Ele faria parte de um novo sonho, um novo mundo. Um mundo real, aonde ela lançaria um livro, conheçeria o mundo, continuaria escrevendo. Porque, para ela, escrever é sentir, é imaginar, é vital.

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